Unindo conhecimento e criatividade, estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Valdici Alves Baier, localizada no bairro Prolar, em Cariacica, estão aprendendo sobre a Idade Média de uma maneira interessante: jogando xadrez.
A iniciativa, proposta pelo professor de História Isaías Neves, tem como objetivo ensinar a estrutura social da sociedade medieval através da analogia com o jogo. Cada peça do tabuleiro representa um grupo social da época — como reis, bispos, cavaleiros e peões — permitindo aos alunos visualizarem de forma prática a organização hierárquica daquele período histórico.
“Cada movimento do xadrez representa o respeito daquele grupo social. O projeto busca trazer essa experiência prática de funcionamento da sociedade medieval”.
Explica o professor.
Além de aprofundar o entendimento dos alunos sobre a Idade Média, o projeto também desenvolve habilidades como raciocínio lógico, concentração, foco e estratégia. “O xadrez não é um jogo de sorte. Eles precisam pensar muito em como fazer para dar xeque ou ameaçar o rei”, ressalta Isaías.
A secretária municipal de Educação, Luzian Belisario, elogiou a iniciativa: “Esse é mais um exemplo de como o aprendizado pode ser prazeroso e divertido. É uma das formas de chamar a atenção do aluno e incentivar outras áreas do conhecimento.”
As aulas ocorrem três vezes por semana, sendo uma teórica e duas práticas. Ao final do trimestre, os alunos participarão de um campeonato interno. Os troféus serão confeccionados com impressora 3D, unindo tradição e tecnologia. Os destaques do torneio serão selecionados para representar a escola nos Jogos Escolares Municipais.
Anderson Pereira, de 14 anos, aluno do 8° ano, destaca o impacto positivo do projeto: “É bem inspirador. Ele trouxe xadrez para nós e traz alegria para a aula. Quando nós jogamos, estudamos como fazer um jogo bom. Tem que ter uma concentração muito grande. Estou gostando muito.”
Com essa abordagem inovadora, a escola de Cariacica mostra que é possível transformar o ensino em uma experiência envolvente, despertando o interesse dos alunos e promovendo um aprendizado significativo.
Benefícios do jogo de xadrez
Um repórter da nossa equipe do “ES Na Fita” ressaltou que a iniciativa é realmente excelente. Ele, que joga xadrez há muitos anos, acredita que o jogo oferece muito mais do que se imagina. Cada peça desempenha um papel crucial e o xadrez ensina não apenas como enfrentar desafios, mas também a criar estratégias e movimentos que podem ser aplicados ao longo da vida, já que se trata de um verdadeiro desafio intelectual.

História do jogo de xadrez
A história do xadrez é rica e complexa, refletindo séculos de evolução cultural, social e técnica. Acredita-se que o jogo tenha suas origens na Índia, por volta do século VI d.C., onde era conhecido como “Chaturanga”. Esse jogo indiano era jogado em um tabuleiro e envolvia peças representativas de tropas, incluindo infantaria, cavalaria e elefantes.
Com o tempo, o Chaturanga se espalhou para o oeste através das rotas comerciais, chegando à Pérsia, onde passou a ser chamado de “Shah” (rei) e “Shah Mat” (o rei está indefeso). Após a conquista islâmica da Pérsia, o jogo foi introduzido ao mundo árabe e, em seguida, à Europa, onde começou a se transformar em sua forma moderna.
Durante a Idade Média, o xadrez tornou-se popular entre a nobreza europeia, e seu jogo começou a mudar. Por volta do século XV, as regras começaram a se consolidar, levando ao xadrez que conhecemos hoje. A introdução de novas peças, como a Dama (rainha), que se tornou a peça mais poderosa do jogo, e a mudança nas regras de movimento de algumas peças, como o bispo e a torre, foram fundamentais para essa evolução.
O primeiro livro sobre xadrez foi publicado em 1497 por Luis Ramirez de Lucena, e, a partir daí, o jogo se tornou um tema de interesse intelectual, levando ao surgimento de diversos tratados sobre estratégias e táticas de jogo.
No século XIX, o xadrez ganhou ainda mais popularidade, com a primeira competição oficial sendo realizada em 1851, em Londres. O surgimento da Federação Internacional de Xadrez (FIDE) em 1924 ajudou a padronizar regras e organizar campeonatos mundiais.
O século XX viu o auge do xadrez competitivo, com grandes mestres como José Raúl Capablanca, Mikhail Botvinnik e Garry Kasparov sendo figuras proeminentes. O xadrez também entrou no campo da tecnologia com o desenvolvimento de programas de computador que podiam competir em níveis cada vez mais altos.
Na era contemporânea, o xadrez continua a ser um esporte valorizado em todo o mundo, atraindo novos jogadores e fãs, tanto em torneios presenciais quanto em plataformas online. Além disso, a popularidade do xadrez teve um crescimento exponencial devido a filmes, séries e personalidades que promovem o jogo, tornando-o acessível a novas gerações.