Um templo com paredes negras, cruzes invertidas e um bode de guarda chamado Zebu. Assim é a sede da futura Igreja Luciferiana do Brasil, que aguarda a emissão do alvará para começar a funcionar oficialmente em Itatiaia, no interior do Rio de Janeiro.
A igreja, fundada pelo empresário e líder espiritual Jonathan de Oliveira Ribeiro, conhecido como mestre Jonan, de 31 anos, será o primeiro espaço do país inteiramente voltado ao culto luciferiano — doutrina que, segundo ele, tem como base o conhecimento, a liberdade e a verdade, não o mal.
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“Lúcifer nada mais é do que buscador de conhecimento, conhecedor da verdade. E o que o cristianismo quer fazer? Manipular as pessoas e não as deixar ter muito conhecimento”, afirma Jonan.
Polêmica e cuidados legais
Apesar do discurso pacífico, o local tem enfrentado resistência e desconfiança da população local. O fundador teme represálias e afirma que todo o processo de legalização do templo está sendo feito com rigor.
“Não pode ter nenhum furo. Como as pessoas veem o local como ‘igreja do diabo’, vão fazer o que puderem para derrubar”, diz o líder religioso, lembrando do caso ocorrido no Rio Grande do Sul, onde um templo semelhante foi interditado por falta de alvará.
A estética do templo impressiona: o prédio, em formato de castelo medieval, já abrigou um terreiro de quimbanda, onde mestre Jonan atuou por mais de dez anos.
Quimbanda e sacrifícios
Os rituais realizados no local seguem práticas da quimbanda, religião de matriz afro-brasileira focada no culto a exus. Nos trabalhos espirituais, são usados animais como galinhas, bodes e vacas, que são mortos com faca no pescoço ou no coração. O sangue é oferecido à espiritualidade, e a carne é aproveitada pela comunidade.
O Supremo Tribunal Federal (STF), em 2019, reconheceu o direito de religiões realizarem sacrifícios animais, desde que não haja crueldade ou maus-tratos.
Rituais e pedidos
Os pedidos feitos nos rituais variam. Amor, dinheiro, prosperidade e até vingança podem ser solicitados — mas, segundo o mestre Jonan, o templo só atende a pedidos de maldade se houver uma “injustiça anterior”.
“A espiritualidade só aceita esse tipo de pedido se a pessoa tiver sido vítima de algo pior.”
Liberdade religiosa e controvérsia
O caso reacende o debate sobre liberdade religiosa no Brasil. Enquanto para alguns o templo representa um avanço na pluralidade de crenças, para outros é motivo de temor e polêmica. Ainda assim, a Constituição garante o direito à liberdade de culto, desde que respeitadas as leis civis e sanitárias.
A inauguração oficial da Igreja Luciferiana do Brasil dependerá da liberação do alvará municipal. Até lá, mestre Jonan segue realizando atendimentos espirituais e preparando o espaço para receber fiéis de todo o país.