A Polícia Militar do Espírito Santo informou que está investigando a conduta de um policial militar que aparece em vídeo agredindo um jovem de 24 anos durante uma abordagem no bairro Floresta, em João Neiva, no Norte do Estado. As imagens mostram o momento em que o PM desfere um soco no rosto do rapaz, seguido de um chute. Mesmo sem oferecer resistência aparente, o jovem é imobilizado e algemado.
A ocorrência foi registrada na última segunda-feira (02), durante uma operação da Força Tática para averiguar denúncias de homens armados na região. Segundo o boletim de ocorrência, moradores teriam relatado à equipe policial que três indivíduos estariam circulando armados nos bairros Floresta e Cruzeiro.
Durante a patrulha a pé pelos becos do bairro, os policiais afirmam ter encontrado duas gaiolas com pássaros silvestres sem registro legal na residência de um dos suspeitos, além de um pino de cocaína. O padrasto do morador autorizou a entrada da equipe, e, durante buscas no quarto do suspeito, foi localizada uma munição calibre 9 mm. O jovem assumiu a posse dos materiais e foi detido por porte ilegal de arma, posse de drogas e crime ambiental.
Momento da situação
Ainda no local, um segundo jovem se aproximou e, segundo a PM, passou a desacatar os policiais com xingamentos e teria cuspido em direção à equipe. De acordo com os agentes, ele desobedeceu às ordens, fez gestos ofensivos e afirmou que os policiais estavam agredindo o outro rapaz. Foi neste momento que o policial o agrediu fisicamente, como mostram as imagens. A vítima da agressão foi detida por desacato, assinou um termo circunstanciado e foi liberada após audiência de custódia. Nossa equipe teve acesso ao vídeo que mostra o momento exato do ocorrido. Confira o vídeo.
Vídeo Instagram ES na Fita:
Corregedoria investiga policial
Diante da repercussão do caso, a Polícia Militar afirmou, em nota, que “reitera seu compromisso com a transparência” e que “já está tomando as providências necessárias para investigar a conduta do policial militar relacionado à ocorrência”. A corporação não revelou o nome do agente envolvido na agressão.
Entidade militar contesta vídeo
A reportagem do jornal A Gazeta procurou a Associação das Praças da Polícia e Bombeiro Militares do Espírito Santo (Aspra), que se manifestou por meio de nota e um vídeo do presidente da entidade, Eugênio Silote. Na gravação, Silote afirma que o vídeo divulgado foi editado e tirado de contexto, e que a conduta dos policiais seguiu os protocolos diante da resistência apresentada. Veja abaixo.
Aspra | Nota na íntegra
Primeiro, precisamos destacar que as imagens que estão repercutindo são editadas e tira de contexto a ação dos policiais. Outro ponto que devemos destacar também é que o cidadão detido tem diversas passagens policiais, entre elas o descumprimento de medida protetiva, adulteração de chassis. Naquele momento, ele atrapalhava a ação policial e colocava em risco não somente os militares, mas terceiros que acompanhavam a ocorrência.
O uso progressivo da força é legítimo e foi utilizado da forma correta pelos nossos militares, que tem a discricionariedade da utilização, não somente do uso progressivo da força, mas dos meios necessários para fazer qualquer tipo de detenção e naquele momento foi utilizado da forma correta. Tanto que após a imobilização, cessa o uso da força.
Reforçamos que a Aspra vem acompanhando o caso de perto e quer aqui parabenizar a todos os policiais militares envolvidos nessa ocorrência pelos serviços que vem prestando ao município de Aracruz e região, combatendo o crime organizado, combatendo essas pessoas que são ligadas ao tráfico de entorpecentes e que insistem em aterrorizar o cidadão de bem e afrontar as forças policiais.
Suspeitos foram levados à delegacia
Ambos os jovens foram conduzidos à Delegacia Regional de Aracruz. O primeiro, preso na residência, foi autuado por porte ilegal de arma de uso restrito, posse de drogas e por manter animais silvestres sem autorização legal. Ele foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP). Já o segundo, que aparece sendo agredido, foi liberado após assinar termo circunstanciado por desacato.
O caso segue sendo investigado.