A inflação oficial brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), recuou para 0,26% em maio deste ano, segundo dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa representa uma desaceleração em relação a abril, quando o índice havia sido de 0,43%, e também está abaixo da registrada em maio de 2024 (0,46%).
Com o resultado, o IPCA acumula alta de 2,75% no ano e de 5,32% nos últimos 12 meses, indicando uma moderação no ritmo da inflação, mesmo diante de pressões em setores específicos da economia.
Habitação lidera altas
O grupo de habitação foi o que mais impactou o índice no mês, com aumento de 1,19%. O principal responsável foi o reajuste na conta de energia elétrica residencial, que subiu 3,62%. Segundo o pesquisador do IBGE, Fernando Gonçalves, o aumento foi influenciado tanto pelo reajuste nas tarifas em algumas áreas quanto pela adoção da bandeira amarela, que adiciona R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos. Também contribuíram para essa alta o aumento das alíquotas de PIS/COFINS.
Outros itens dentro do grupo habitação também subiram, como o gás encanado (0,25%) e a taxa de água e esgoto (0,77%).
Transportes e alimentação freiam inflação
Apesar da alta em habitação, a inflação foi parcialmente compensada pela queda de preços no grupo transportes, que registrou deflação de 0,37%. Os principais destaques foram as passagens aéreas, com queda de 11,31%, e os combustíveis: gasolina (-0,66%), óleo diesel (-1,30%), etanol (-0,91%) e gás veicular (-0,83%).
A alimentação no domicílio também teve desaceleração importante, com alta de apenas 0,17% em maio, frente aos 0,82% de abril. Alguns produtos tiveram queda significativa, como tomate (-13,52%), arroz (-4%), ovo de galinha (-3,98%) e frutas (-1,67%).
Outros grupos
Entre os demais grupos pesquisados, o vestuário subiu 0,41%, abaixo da taxa de abril (1,02%). O grupo artigos de residência apresentou deflação de 0,27%. Já saúde e cuidados pessoais teve variação de 0,54%, contra 1,18% no mês anterior. As despesas pessoais passaram de 0,54% para 0,35%, enquanto comunicação teve leve alta de 0,07%. O grupo educação manteve estabilidade, com variação de 0,05%.
Perspectivas
A desaceleração da inflação em maio pode influenciar as próximas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa básica de juros. Embora o grupo habitação tenha pressionado o índice, o comportamento mais ameno de transportes e alimentação aponta para um cenário de maior controle dos preços no curto prazo.