O número de pessoas mortas em ações policiais no Espírito Santo cresceu em 2024, indo na contramão da média nacional, que apresentou queda nos registros. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 78 pessoas morreram em decorrência de intervenções policiais no Estado no último ano — um aumento de 19,2% em comparação com as 65 mortes registradas em 2023.
Todas as mortes foram provocadas por policiais militares em serviço, segundo o levantamento. Em 2023, além dos 55 casos envolvendo PMs em serviço, houve sete registros envolvendo militares fora do expediente e três atribuídos a policiais civis — sendo que um desses agentes não estava de plantão.
As mortes decorrentes da atuação policial representaram 8% do total de 980 mortes violentas intencionais registradas no Espírito Santo em 2024. Informações apuradas pelo site Folha Vitória.
Vitória tem alta de quase 95%
Na capital Vitória, o número de mortes por ação da Polícia Militar quase dobrou: saltou de 19, em 2023, para 37 em 2024 — o que representa um crescimento de 94,7%. A cidade aparece entre as capitais com maior variação percentual no índice de letalidade policial.
Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) afirmou que, mesmo com o aumento, o Espírito Santo mantém uma das menores taxas do país em mortes causadas por policiais: 1,9 a cada 100 mil habitantes, contra a média nacional de 2,9.
Entenda a situação
“Ao todo, em 2024, foram registrados 523 confrontos armados no Estado, com 78 mortes. Foram apreendidas quase 4 mil armas de fogo. A atuação policial é técnica e dentro da legalidade, com embasamento estatístico mostrando que o uso proporcional da força é utilizado somente quando preciso. Todos os casos são apurados pelas corregedorias dos órgãos”.
informou a Sesp.
Queda nacional, mas com aumentos em 10 estados
No cenário nacional, o número de mortes causadas por intervenções policiais caiu 3,1%, passando de 6.413 em 2023 para 6.243 em 2024. A maioria das mortes ocorreu em ações de policiais militares em serviço (4.378). Houve também 186 mortes provocadas por PMs fora do serviço.
Apesar da queda geral, 10 estados brasileiros registraram alta nos números. São eles: Alagoas (75 mortes), Ceará (189), Maranhão (76), Minas Gerais (200), Pará (606), Paraná (400), Piauí (30), São Paulo (813), Tocantins (50) e o Espírito Santo (78). O estado de São Paulo liderou o crescimento proporcional, com aumento de 60,9% nos casos, saltando de 504 para 813 mortes.
A Bahia foi o estado com o maior número absoluto de mortes por ações policiais em 2024: 1.556.
Polícia Militar em prol do cidadão de bem
A Polícia Militar reforça que, sempre que não houver confronto armado, o suspeito será abordado e conduzido conforme a legislação vigente. Caso tenha pendências com a Justiça, ficará à disposição das autoridades competentes.
Por outro lado, em situações em que há troca de tiros, os policiais têm o dever de reagir para preservar suas vidas e a de terceiros, conforme previsto na lei. A corporação também reconhece que existem casos em que acontecem atos fora do padrão, como execuções. Nesses episódios, os envolvidos são investigados e, se constatadas irregularidades, respondem pelos atos conforme a legislação penal e disciplinar.
A PM reforça que sua missão é proteger a sociedade e que não compactua com desvios de conduta dentro da corporação. O cidadão de bem pode sempre contar com o apoio da Polícia Militar.