Um foragido da Justiça morreu durante uma troca de tiros com policiais militares na noite deste sábado (20), no bairro Planalto Serrano, Bloco B, no município da Serra. Gustavo Anésio Cossi, de 24 anos, conhecido como “Piloto”, tinha um mandado de prisão em aberto por latrocínio (roubo seguido de morte) e era considerado de alta periculosidade pelas autoridades.
Segundo o Boletim de Ocorrência da Polícia Militar, equipes da Diretoria de Inteligência (DINT) realizavam vigilância para capturar o suspeito. Durante a ação, os policiais foram cercados por um grupo de oito indivíduos armados, o que motivou o acionamento de reforços da Força Tática e do Batalhão de Ações com Cães (BAC).
Troca de pipocos
Com a chegada do reforço, os militares se dirigiram a uma residência localizada na Rua Rio de Janeiro, onde Gustavo estava escondido. De acordo com a PM, ao entrarem no imóvel, os agentes foram recebidos a tiros e revidaram para “repelir a injusta agressão”. Gustavo foi baleado e chegou a ser socorrido para a UPA de Serra Sede, mas não resistiu aos ferimentos.

Flagrantes no local
Na casa onde ele estava escondido, foram apreendidos uma pistola calibre .40 com uma munição na câmara, quatro no carregador, além de dois carregadores extras com nove munições cada — totalizando 23 munições. Também foram encontrados um rádio comunicador na frequência do tráfico local e um aparelho celular.

Histórico criminal extenso e evasão do sistema prisional
De acordo com a Polícia Militar, Gustavo possuía uma longa ficha criminal. Entre os registros estão:
- Roubo (2015 e 2018)
- Conduções por resistência, desobediência e desacato (2017)
- Flagrante com veículo recuperado e receptação (2021)
- Prisão por condução de veículo roubado (2022)
- Tráfico de drogas e porte ilegal de arma (2023–2024)
- Evasão do sistema prisional em abril de 2025
- Ele também respondia a processos por corrupção de menor, ação penal por tráfico de drogas e um processo em andamento por latrocínio, que motivou o mandado de prisão.
Versão da família: “Foi executado na frente dos filhos”
Em entrevista ao Jornal Serra Noticiário, a esposa da vítima, Caliane Gama, contestou a versão policial. Segundo ela, os militares invadiram a residência por volta das 17h55, sem arrombar o portão.
“Estávamos na sala, e ele estava no quarto. Eu estava exatamente ao lado dele quando os policiais chegaram, gritando ‘perdeu, perdeu, perdeu’ e dispararam uma sequência de três tiros contra ele, na frente das crianças, na minha frente e da minha mãe”.
relatou Caliane.
Ela também afirmou que, após os disparos, a família foi levada para a cozinha e impedida de ver o estado de Gustavo. Segundo ela, o corpo foi enrolado em um lençol e levado até a UPA como se ele ainda estivesse vivo.
Reação nas ruas: ônibus incendiados após a morte de “Piloto”
Pouco tempo depois da morte do foragido, dois ônibus do Sistema Transcol foram atacados em bairros próximos. O primeiro coletivo, da linha 843 (Terminal Laranjeiras / Terminal Carapina via Jardim Tropical), foi incendiado em José de Anchieta III. Em seguida, um segundo ônibus foi alvo de tentativa de incêndio em José de Anchieta I, mas o fogo foi controlado rapidamente.
Imagens registradas
Não houve registro de feridos nos dois ataques. Um dos suspeitos de participação nos incêndios foi detido e levado para a 3ª Delegacia Regional da Serra. Imagens dos coletivos circularam pelas redes sociais, gerando medo entre os moradores da região. Nossa equipe teve acesso ao vídeo que mostra o momento exato do ocorrido. Confira o vídeo.
Vídeo Instagram ES na Fita:
Investigação
A Polícia Civil informou que a ocorrência foi registrada como morte por intervenção legal de agente do Estado, e apresentada na Delegacia Regional da Serra. O corpo de Gustavo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Vitória para ser necropsiado e, posteriormente, liberado aos familiares.
As investigações continuam para apurar a dinâmica do confronto, a participação de outros envolvidos e os ataques contra os coletivos.