O Espírito Santo registrou mais de 4.300 confrontos armados entre policiais militares e criminosos entre janeiro de 2020 e agosto de 2025. Segundo dados da Polícia Militar, as ocorrências resultaram em 478 pessoas feridas e 250 mortes. Os dados refletem a intensificação dos embates entre as forças de segurança e facções criminosas em diversas regiões do Estado, principalmente na Grande Vitória.
Só nas últimas semanas, tiroteios foram registrados em Cariacica, no bairro Porto Belo, e em comunidades de Vitória, como São Pedro e o Bairro da Penha. Os confrontos recentes resultaram em vítimas, reações violentas e até ataques a ônibus após a morte de um adolescente, supostamente ligado ao tráfico.
“Ou vai para a cadeia ou vai para o caixão”.
diz comandante-geral da PM
Em entrevista, o comandante-geral da Polícia Militar do Espírito Santo, coronel Douglas Caus, afirmou que a maioria dos confrontos ocorre em áreas com presença de facções criminosas armadas e envolvidas com o tráfico de drogas. Ele reforçou que os policiais são atacados ao entrar em territórios dominados por esses grupos.
“Como o governo do Estado tem a clara determinação de que no nosso Estado não haverá nenhum milímetro de via pública tomada por facções, nós estamos patrulhando essas áreas, onde, invariavelmente, encontramos indivíduos armados que atiram contra os nossos policiais militares”.
declarou Caus.
Segundo o coronel, os agentes de segurança têm enfrentado criminosos portando armas de grosso calibre, como fuzis e pistolas.
“A maioria das pessoas que estão enfrentando a Polícia Militar estão armadas de fuzis ou pistolas. Se enfrentarem a PM, ou vai para a cadeia ou vai para o caixão”.
afirmou o comandante.
A maioria jovens e moradores de comunidades
De acordo com os dados da Polícia Militar, 57% dos mortos em confrontos tinham entre 18 e 29 anos, 15% entre 30 e 39 anos, e 16% eram menores de idade. As estatísticas levantam discussões sobre o recrutamento de jovens por facções criminosas e a violência em áreas periféricas do Estado.
Moradores dessas regiões também relatam situações de violência e denunciam excessos em abordagens policiais.
“Atiraram sem os meninos reagirem. Eles não estavam com armas, não ficam nem com faquinhas de serra. Já chegaram atirando. Não precisava”.
disse uma moradora do bairro Porto Belo, em Cariacica, após um confronto na região.
Casos recentes: adolescentes mortos e retaliação de facções
Entre os casos mais recentes está a morte de um adolescente de 15 anos no bairro São Pedro, em Vitória, durante uma operação policial. Segundo a PM, o jovem estava armado e teria apontado a arma contra os agentes. Após o episódio, criminosos incendiaram ônibus em retaliação, provocando caos e prejuízos ao transporte público.
No Bairro da Penha, também na capital, um jovem de 22 anos, identificado como David Pereira de Jesus, foi baleado e morto em confronto com a polícia. De acordo com os militares, ele fazia parte de um grupo criminoso armado que reagiu à abordagem.
Facções atuam com lógica territorialista e provocam escalada da violência
O comandante Douglas Caus explicou que a atuação das facções no Espírito Santo é influenciada por grupos criminosos do Rio de Janeiro, como o Terceiro Comando Puro e o Comando Vermelho, que disputam o controle de bairros estratégicos para o tráfico de drogas.
“Temos facções ligadas ao Rio de Janeiro. Eles são territorialistas. Quando uma facção ataca a área de outra, eles almejam poder e dinheiro. Porque quando herdam um bairro ou território, herdam pontos de vendas de drogas”.
explicou o coronel.
Segurança pública como prioridade
Diante do cenário, o governo do Estado e a Polícia Militar reforçam que seguem atuando para garantir a ordem, combater o tráfico e assegurar a segurança dos cidadãos capixabas.
“O Estado do Espírito Santo reforça o compromisso com o cidadão de bem, e as forças de segurança estão nas ruas para trazer a paz e combater o crime”, finalizou o comandante da PM.
Reportagem baseada em informações do jornal Folha Vitória.