O município de Vila Pavão, localizado na região Norte do Espírito Santo, alcançou uma marca notável: está há 3.211 dias sem registrar um único feminicídio. Isso equivale a quase nove anos sem o crime, conforme aponta o Mapa da Paz, elaborado pelo Observatório Estadual de Segurança Pública.
Além de Vila Pavão, outros municípios do interior capixaba também vêm mantendo bons índices no combate ao feminicídio. Vargem Alta, São José do Calçado, João Neiva, Irupi e Marilândia estão há 2.852, 2.721, 2.560, 2.528 e 2.445 dias, respectivamente, sem registros desse tipo de crime.
De acordo com a subsecretária de Políticas para as Mulheres, Fabiana Malheiros, esses números refletem características culturais das cidades pequenas, onde há maior interação social e sentimento de comunidade.
“A gente acredita que, por serem municípios pequenos, isso enfatiza uma cultura de paz. Onde as pessoas se conhecem e vivem em um espírito de comunidade maior, o crime dificilmente acontece. Diferente de áreas mais urbanas, onde existe um espírito maior de individualismo”, afirma Malheiros.
Segundo ela, ao ser criada, a Secretaria da Mulher mapeou os locais com maior incidência de feminicídios e violência doméstica. A partir desses dados, foram instalados os chamados Centros Margaridas — espaços voltados ao acolhimento e proteção de mulheres vítimas de violência.
Os centros atuam em cidades com contextos mais vulneráveis, como Linhares, Colatina, Cariacica, Anchieta e Alegre, e também atendem mulheres do campo, indígenas e quilombolas.
Entre os serviços oferecidos estão o acompanhamento de medidas protetivas, ações educativas, apoio psicológico e articulação com órgãos como a Defensoria Pública e as Delegacias da Mulher.
Redução também na Grande Vitória
Apesar de a região metropolitana historicamente registrar altos índices de violência, a subsecretária também comemora avanços importantes. No município da Serra, maior cidade do Estado, não há registros de feminicídios há mais de 170 dias.
“Ficamos muito felizes de ver que na Serra estamos há 174 dias sem feminicídio. Em Vila Velha e Cariacica, os números também estão diminuindo. Isso demonstra um fortalecimento da rede de apoio e da atuação do poder público”.
comemora Malheiros.
Educação e prevenção como ferramentas
Fabiana destaca que a violência contra a mulher é um problema cultural e, por isso, as ações de enfrentamento vão além da repressão policial. O foco está também na educação e conscientização, especialmente entre adolescentes e jovens.
As ações promovidas pela secretaria incluem rodas de conversa, atividades educativas em escolas e centros comunitários, e têm como objetivo empoderar mulheres, desmistificar medos relacionados à denúncia e promover a igualdade de gênero.
“Algumas mulheres acham que, se denunciarem o marido, vão perder a guarda dos filhos, o que não é verdade. Trabalhamos para mudar essa mentalidade e criar uma cultura de paz e igualdade entre homens e mulheres.”
finalizou Malheiros.
O Espírito Santo ainda se destaca pelos altos índices de violência doméstica, mas todos estão empenhados em promover mudanças diárias para proteger as mulheres e reduzir esses índices no estado. Projetos das autoridades, aliados ao trabalho contínuo das forças de segurança, estão sendo cada vez mais implementados, com o objetivo de construir um estado de paz e um convívio mais harmonioso para todos.